Apresentação no Ufsctock

Gostaria de compartilhar o texto escrito por Nina Bambgerg, sobre a nossa apresentação no Ufsctock, e publicado no site do evento:

http://ufsctock.com/muitamistura/artes-o-corpo/cobertura-a-felicidade-no-jardim-de-joana/

Em cena: Meire Silva e Priscila Mesquita
Foto: Pedro Caetano

COBERTURA: A felicidade no Jardim de Joana

                                          Texto: Nina Bambgerg

O grupo (Em) Companhia de Mulheres iniciou sua pesquisa sobre teatro e gênero há mais ou menos um ano e meio. As pesquisas sempre foram teóricas e práticas, levando as atrizes a conhecer melhor as ligações entre teatro e gênero e aprofundar nas teorias feministas. Há cerca de um ano, atrizes começaram a focar em uma pesquisa prática e criar o que viria a ser o espetáculo O Jardim de Joana.
Cinco mulheres se encontram na casa de Joana, que falecera na noite anterior. Cada uma delas tem uma relação diferente com Joana, mas tudo gira em torno do impasse entre a irmã e a esposa de Joana. Dália, a irmã, não aceita Flor de Liz como cunhada, não acredita que ela seja herdeira da casa ou de qualquer outra posse. Flor de Liz, sem a herança, fica sem casa, sem ambiente de trabalho e sem base alguma para dar continuidade em sua vida.
A discussão a respeito da opção sexual de Joana e a plena discordância de sua irmã fazem parte do desconforto que se apresenta em cena. Dália não acredita no relacionamento de sua irmã com Flor de Liz e, por tanto, não acredita que ela mereça ficar com algo do testamento. Dália também tem um ponto de vista bastante particular sobre sua mãe, em quem coloca a culpa pelas inúmeras traições de seu pai, ao longo de quase todo o casamento dos dois. Ela quer levar a mãe embora, para um asilo e as amigas de Joana não concordam com isso.
Dália é a representação clara da falta de tolerância com tudo aquilo que é diferente e é uma figura bastante machista. Apesar de Flor de Liz ser a viúva e ser o centro das atenções dos cuidados das amigas, sem a figura de Dália, não haveria um conflito verdadeiro e, por conseqüência, a peça não existiria. O Jardim de Joana instala um clima de proximidade com o tema e traz para o público o questionamento a respeito dos problemas burocráticos pelos quais os casais homossexuais passam. Para a burocracia, trazida por Dália, não importa a história de vida de Joana com Flor de Liz, o que importa é que elas não têm um papel carimbado que formalize isso.
Com uma cenografia simples e clara, o espetáculo utiliza de iluminação e projeções para caminhar junto com a dramaturgia. As cenas do casamento de Joana com Flor de Liz, que foram gravadas pelo grupo no início desse ano, transportam outro ambiente para a cena, fazendo com que os espectadores compartilhem desse momento de tanta felicidade, mas já sabendo que a felicidade não permaneceu para sempre na vida do casal.

Disponível em: http://ufsctock.com/muitamistura/artes-o-corpo/cobertura-a-felicidade-no-jardim-de-joana/

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