Ada Lovelace

Ao pesquisar sobre Ada Lovelace, conhecida como a primeira programadora do mundo, vamos conhecendo não só a fascinante história dessa mulher que morreu jovem, aos 36 anos, mas também a história dos computadores e da internet. Chegamos ao interessante livro de Walter Isaacson, que tem sido uma fonte de inspiração e de conhecimento para criarmos nossa dramaturgia. Vamos compartilhar aqui alguns trechos de seu livro, que mostra as inovações tecnológicas na era digital não como obra de uma indivíduo isolado em seu laboratório, mas como uma criação colaborativa, bem ao modo como gostamos de trabalhar.

“O computador e a internet estão entre as invenções mais importantes de nosso tempo, mas pouca gente sabe quem foram seus criadores. Elas não foram boladas num sótão ou numa garagem por inventores solitários que possam figurar em capas de revistas ou em um panteão ao lado de Edison, Bell e Morse. Em vez disso, a maior parte das inovações da era digital foi criada de maneira colaborativa. Havia muitas pessoas fascinantes envolvidas, algumas bastante engenhosas e até mesmo alguns gênios.” (ISAACSON: 2014, p. 13)
 “Em parte pelo fato de os protocolos da internet terem sido inventados por colaboração entre pares, o sistema tinha embutido em seu código genético uma propensão a facilitar esse tipo de colaboração. O poder de criar e de transmitir informações era plenamente distribuído para cada um dos nós, e qualquer tentativa de impor controles ou uma hierarquia podia ser contornada. Sem cair na falácia teleológica de atribuir intenções ou uma personalidade à tecnologia, é correto afirmar que um sistema de redes abertas conectadas a computadores controlados individualmente tendia, assim como foi o caso da imprensa, a eliminar a possibilidade de que algum tipo de controle sobre a distribuição de informação fosse feito por intermediários, autoridades centrais e instituições que contratassem escriturários e tabeliães. Tornou-se mais fácil para pessoas comuns criar e compartilhar conteúdo.
A colaboração que criou a era digital não ocorreu apenas entre contemporâneos, mas também entre gerações. Ideias foram repassadas de um grupo de inovadores para o próximo. Outro tema que surgiu de minha pesquisa foi o fato de que com frequência usuários se apropriavam de inovações digitais para criar ferramentas de comunicação e de redes sociais. Também me interessei em saber como a busca por inteligência artificial — máquinas que pensam por conta própria — se mostrava repetidas vezes menos frutífera do que a criação de modos de forjar uma parceria ou uma simbiose entre pessoas e máquinas. Em outras palavras, a criatividade colaborativa que marcou a era digital incluía a colaboração entre humanos e máquinas.
Por fim, fiquei impressionado com o modo pelo qual a mais verdadeira criatividade da era digital veio daqueles que foram capazes de ligar as artes e as ciências. Eles acreditavam que a beleza importava. “Sempre me vi como uma pessoa da área de humanas quando era garoto, mas gostava de eletrônica”, Jobs me contou quando embarquei em sua biografia. “Então li algo dizendo que um de meus heróis, Edwin Land, da Polaroid, falou sobre a importância de pessoas que eram capazes de permanecer na interseção das humanidades com as ciências, e decidi que era isso que eu queria fazer.” As pessoas que ficavam confortáveis nessa interseção das humanidades com a tecnologia ajudaram a criar a simbiose homem-máquina que é o centro dessa história.
Assim como muitos aspectos da era digital, essa ideia de que a inovação fica no lugar em que a arte e a ciência se conectam não é nova. Leonardo da Vinci é o modelo, e o desenho que ele fez do Homem Vitruviano se tornou o símbolo da criatividade que floresce quando as humanidades e a ciência interagem. Quando Einstein ficava frustrado enquanto trabalhava na relatividade geral, ele pagava seu violino e tocava Mozart até conseguir se reconectar com aquilo que ele chamava de harmonia das esferas.
Quando o assunto é computadores, existe outra figura histórica, não tão conhecida, que incorporou a combinação das artes e das ciências. Assim como seu pai famoso, ela compreendeu o romance da poesia. Ao contrário dele, ela também via romance na matemática e nas máquinas. E é aí que nossa história começa.” (ISAACSON: 2014, p. 16, 17)

E assim a história do livro começa, com Ada Lovelace.

Ada Lovelace




Fonte: ISAACSON, Walter. Os Inovadores: Uma biografia da revolução digital. São Paulo: Cia das Letras, 2014.

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