Avaliação/ Depoimento

 Turma da Educação de Jovens e Adultxs de Florianópolis - EJA Sul 1/  Costeira - 


Avaliação de Leticia Coelho, Educadora na Educação de Jovens e Adultx de Florianópolis - EJA Sul 1– Costeira, sobre a parceria realizada com a (Em) Companhia de Mulheres
      
     "É princípio norteador da Educação de Jovens e Adultos de Florianópolis a educação emancipatória. Esta não deve ocorrer apenas na sala de aula, mas em espaços que permitam aos educandos refletirem sobre suas realidades a ponto de questioná-las. Nosso veículo de estímulo são as pesquisas, realizadas pelos próprios estudantes, sobre temas como política no Brasil, relações étnico-raciais, relações trabalhistas, doenças sexualmente transmissíveis entre outras.
     Uma das pesquisas chamou a atenção dos professores, realizada por uma estudante mulher, casada, mãe de cinco filhos que trabalhava como doméstica. Quando decidia seu tema, havia lido reportagens sobre mulheres que, no século 19, não podiam publicar livros por serem mulheres e não homens, e se espantou. Decidiu ler mais sobre o direito das mulheres e se encontrou com a teoria feminista e a lei Maria da Penha. Estava decidido seu tema: A conquista dos direitos feministas e a Lei Maria da Penha. A pesquisa dessa estudante, ao ser apresentada as turmas da EJA Costeira, trouxe a tona relatos sobre violência doméstica.
     Nesse período, em contato com RosiMeire Silva, da (Em) Companhia de Mulheres, tivemos a possibilidade de vivenciar, através do teatro, o tema e aprofundar a discussão iniciada na sala de aula com a mediação das atrizes – estudiosas do tema – e de um núcleo de pesquisa da UFSC.
     Para o Núcleo de EJA, Sul I Costeira, O espetáculo teatral “Boneca de Pano” foi imprescindível  a real compreensão, por parte de nós professoras e professores e dos estudantes,  de quais locais estão colocadas historicamente as mulheres na sociedade, a que ela é constantemente submetida, quero dizer, a que nós mulheres somos submetidas.
      Quando afirmo a “real” compreensão, parto do princípio que não há uma formação qualificada para nós, professores e professoras, sobre o tema, e mais, não somos – sociedade – estimulados a pensar sobre o lugar da mulher e muito menos a questioná-lo.
      Quando digo nós mulheres, me incluo na reflexão e também nas reações provocadas pela atuação das atrizes, que possibilitou que mulheres da plateia não pensassem o tema como apenas um tema, mas como parte da sua vida.
      Posso afirmar que o espetáculo Boneca de Pano foi um estopim educativo par o debate que o sucedia. Com um início tímido após uma atuação forte das atrizes, o debate foi recheado de relatos pessoais realizados pelos estudantes, enunciados por mulheres e por alguns homens que traziam a tona dúvidas e questionamentos. 
      Eu, como professora que acompanhei aquelas mulheres ao longo de um ano, as percebi altivas e encorajadas a expor suas histórias e não duvidar de suas indignações, raivas e tristezas. Eu como mulher me emocionei ao refletir sobre minha própria história. Falas emocionadas como da nossa estudante que pesquisou a Lei Maria da Penha foram acolhidas pela equipe do (Em) Companhia e também pelas pesquisadoras da UFSC de forma educativa. Esse foi o tom da conversa: foi um debate acolhedor, mas ao mesmo tempo questionador e, por isso, formativo.
       O Espetáculo Boneca de Pano é um exemplo de espaço artístico cultural de formação que se faz necessário às escolas e à população em geral, pois incentiva a reflexão sobre questões presente porém  veladas na sociedade.

Leticia Coelho."


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