Priscila
Mesquita - atriz pesquisadora e idealizadora do projeto
Depois de
quatro anos trabalhando junto à (Em) Companhia de Mulheres – Coletivo de
Pesquisa Teatral Feminista, de forma independente, foi gratificante receber um
voto de confiança e o apoio financeiro do Fundo Elas e do Instituto Avon. Antes
de sermos contempladas pelo Prêmio Fale Sem Medo, dependíamos do investimento
financeiro vindo das integrantes do grupo, oriundo de nossos trabalhos em
outras áreas, o que limitava o alcance de nossas ações com o Coletivo. Sem este
apoio, não teria sido possível realizar a ação por nós idealizada e almejada já
havia algum tempo, cujo apoio financeiro já havíamos tentado por meio de
editais específicos destinados à área das Artes Cênicas.
Sinto-me
plenamente satisfeita com a realização do projeto “Boneca de Pano circulando na Campanha 16 dias de ativismo pelo fim
da violência contra as mulheres 2014”. Foi com muita felicidade que recebi a
notícia da premiação deste projeto, concebido com muito trabalho e dedicação.
A meu ver,
nossos resultados foram além daquilo que prevíamos na escrita do projeto. Eu
não imaginava a dimensão e a intensidade que seria a troca proporcionada pelo
contato com as idealizadoras dos outros projetos contemplados, o que contribuiu
para o meu amadurecimento pessoal e profissional e do meu Coletivo. Estar em
contato com mulheres tão diferentes e com um mesmo propósito, “Elas pelo fim da
violência”, ajudou a me fortalecer e continuar acreditando nesta causa. Em
consequência disso, levei para nosso trabalho teatral a força e convicção de
sua importância e necessidade, juntamente com a beleza e companheirismo que
tanto me acompanharam nos dias em que estive no Rio. Tenho a certeza de que nossa ação foi muito
mais proveitosa em função dos encontros que aconteceram durante o I Diálogo
Nacional sobre a violência doméstica.
Depois da
intensa campanha presidencial, onde a força que o conservadorismo tem se tornou
tão evidente para mim, e o quanto o modo de pensar de uma sociedade historicamente
patriarcal impede que superemos problemas tão antigos, a cada apresentação e
diálogo que fazíamos durante os 16 dias de ativismo eu ia tendo a certeza de
que estávamos no caminho certo, e que nosso trabalho é de formiguinha.
A arte e a
educação juntas cutucam feridas, incomodam, suscitam reflexões. São realmente
poderosas. Durante os diálogos que encaminhamos, percebi quantas dúvidas ainda
temos e quantas certezas precisamos desconstruir. Além disso, o espaço e a
oportunidade para falar abertamente sobre o que falamos nesses 16 dias, por
mais estranho que pareça, é escasso, pois os temas da violência, do aborto, do
sexo, ainda são tabus, quando tratados sob a ótica feminista. Espero que
tenhamos plantado uma semente em cada pessoa que esteve conosco durante nossa
ação, e que isto possa fazer a diferença na educação das crianças e nas
relações sociais. Que a informação e a reflexão sejam passadas adiante.
Também é
relevante destacar a importância das parcerias realizadas para que nosso
projeto acontecesse. Acredito que conquistamos visibilidade e credibilidade,
pois foi uma oportunidade para que estes parceiros pudessem conhecer melhor
nosso trabalho, e vice-versa, e deste modo realizarmos novas ações em conjunto
no futuro.
Sem mais
delongas, pois nenhuma palavra estará ao alcance do que esta experiência
significou para mim, encerro por aqui, com mais confiança no sucesso de nosso
trabalho, almejando que possamos nos dedicar cada vez mais e alcançar cada vez
mais pessoas.
Priscila de
Azevedo Souza Mesquita
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